Hoje estive no Teatro Académico Gil Vicente em Coimbra a ver o filme que o João Botelho realizou e foi brilhante. Confesso que nunca tive coragem de ler o livro até ao fim, mesmo sendo uma pessoa que gosta de dedicar grande parte do tempo à leitura. Já sabia que indo para lá sem ter lido o livro poderia ser uma grande asneira porque, enfim, é verdade que não é uma longa metragem normal em que dê para perceber tudo ao pormenor. Mas, apesar de diferente, foi maravilhoso!
  Achei a escolha de atores quase toda um esplendor, exceto um ou outro caso.
  Os cenários muito bons. Uma grande ideia as pinturas a óleo .
  Um guião e uma realização também grandiosa, como já era de esperar.

Pedro Lacerda como Tomás d'Alencar

  Sei que maior parte das pessoas não gostou, mesmo nada, mas eu só consigo dizer bem!! Não sei explicar porquê.
 O João Botelho abriu a sessão explicando e falando de uma data de questões que poderiam existir no decorrer do filme. Estava à espera de que no final pudéssemos tirar dúvidas, mas ao que parece o senhor teve algum imprevisto e não se pôde realizar essa parte que eu achava tão importante. Contudo, a partir do que ele falou na abertura, pôde perceber-se que a ideia dele era fazer um filme distante dos outros, em que se deixasse de lado as cenas, se percebesse que tudo aquilo é falso, é realizado e que aquelas 2h30m são apenas atores a interpretar a NOSSA literatura, que hoje em dia é tão desprezada.
  A primeira parte do filme é a preto e branco, que representa o antigamente e o passado. A segunda em cores fortes, que é a paixão do Carlos da Maia com Maria Eduarda, o adultério, o amor ardente. Por fim, a terceira parte foi realizada com cores mais deslavadas, quando João da Ega e Carlos voltam a Portugal 10 anos mais tarde e o encontram mais podre do que o que estava quando o abandonaram.
  É capaz de ser por isso que estive tão interessada e que gostei tanto! Destaco só e, por último, a prestação do ator Pedro Lacerda, como Tomás d'Alencar.
  Fiquei assim, com um certo bichinho de ver o filme do "Desassossego".
  Para já vejam este, que não ficam nada desapontados!

João Botelho (Guionista e Realizador)

Graciano Dias e Maria Flor como Carlos e Maria Eduarda da Maia

Graciano Dias e Pedro Inês como Carlos da Maia e João da Ega